Curta ler

A ferrugem

16:34


Habitualmente ela ao fim do dia sentava-se na cama, colocava ao seu redor diversos livros, o notebook, canetas e papéis e por algumas horas começava seu ritual.
Digitava e apagava, pegava o papel e rabiscava, lia um pedaço de um livro, copiava a ideia, e tudo pra ter alguma poesia no fim do rito. Por fim, quando dava por vencida de não ter mais rimas e nem criatividade, ficava com frases soltas e desconexas triste por não ter aquele tão almejado dom. 
Entretanto todos os dias ela continuava tentando, e tentando, criou até um blog pra expor a meninice das palavras bobas e românticas, tolas de uma pequena jovem a crescer. Essa história durou até alguns longos anos. Entretanto, a menina cresceu, e não queria mais fingir que era poetiza quando na verdade era somente telespectadora de verdadeiros poetas, com isso deixou o papel de letrada, e passou a querer somente apreciar. Sua atitude deu um “Up” na vida completamente, ela amadureceu e notou que aqueles anos bobinhos de romancista era um processo comum de toda menina que passa da fase de adolescente, jovenzinha pra finalmente virar uma grande mulher. 
 Foi um tempo sem ser contabilizado mudou seu hábito, e vivenciou a vida de apreciação. Com o passar da jornada, embora ela tivesse a convicção plena que ser poetisa não era sua vocação, e que aqueles anos não seriam vividos novamente, sentia a necessidade de escrever.  
Ela observou seus dedos, seu cantinho empoeirado, suas canetas secas, papéis amarelados, tudo que era daquele universo estava enferrujado. Sentiu uma palpitação, um formigamento, uma ânsia, um desejo ao qual aflorava pela ideia de se reinventar.
   Então ela prontamente viu que era chegado o momento da limpeza, de jogar fora algumas palavras clichês, colocar novas letrinhas simples que todos pudessem a compreender, e finalmente decidiu-se.

 Hoje volto a escrever.
                

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1 comentaram

  1. "Com o passar da jornada, embora ela tivesse a convicção plena que ser poetisa não era sua vocação, e que aqueles anos não seriam vividos novamente, sentia a necessidade de escrever"
    Maior que a vocação de ser uma poetisa é a necessidade que sente em escrever. Essa força que te invade e te transborda na folha branca do papel (ou seria na tela do PC?) vai no encontro da plenitude do livre arbítrio quase como se vc não pudesse ficar longe daquilo que ama. No fim com vocação ou não vc escreve (lindamente) e foda-se a vocação pra poetisa, quem precisa dela msm né? Quando se tem tudo isso...

    Parabéns! Continue escrevendo

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