Tem dias que meu coração acelera e sinto que não vou
conseguir controlar aquela pulsação. Contudo, a respiração vem pra me ajudar, e
aos poucos consigo colocar um equilíbrio. Sinto que meu coração fica dessa
maneira como um sinal de alerta da minha mente quando penso em muitas coisas
quase simultaneamente. De uns tempos pra cá, reservei-me, tenho aprendido a
lidar com impulso, o autoconhecimento sem sombra de dúvida me fizeram entender
sobre escolhas, lembrei-me de um trecho antigo de uma conversa ao qual um amigo
disse: temos espíritos velhos. E concordei naquela época e continuo concordando
a cada dia que passa, é como diz a música: ainda somos os mesmos e vivemos como
nossos pais... Nunca me senti tão parecido a eles e o quanto fugir de mim mesma
negando isso... Foi um bom período. A aceitação me fez perceber, que o que tenho
de igual deles é bom, e pode se aperfeiçoar... Bom, as horas estão passando e o
valor do sono está caro, por isso tenho feito economia, sigo o caminho para o
cobertor e algum sonho qualquer...
10 atividades para fazer no meu recesso...
Leitura de 3 livros. (tenho que escolher na pilha dos atrasados);
- Reforma de bolsas. ( duas bolsas lindas descascando merecem um cuidado);
- Escrever o esboço do projeto: Ampliando o acesso a justiça. (DPE, meu trabalho);
- Visitar familiares (um passeio pela minha cidade natal).
- Corrida (Por onde quer que eu vá vou te levar pra sempre: meu tênis);
- desconectar das redes sociais (inclusive whatsapp) (ninguém vai morrer por isto);
- aprender 20 palavras novas em inglês ( I need learn english, ok? );
- escrever algumas cartas (Amava esse hábito de escrever cartinhas e parei, pois então vou voltar a escrever e enviar.)
- ver 2 filmes ( tem um que já sei o nome: cinco graças, agora o outro vou fazer uma busca pela netflix);
- não comer pipoca todos os dias. (aquele vicio que é bom ser trocado por algo novo, sugestões?)
Foram cinco quilômetros de corrida e em todo percurso fiquei ocupada por pensamentos da segunda que tive. Agora, fim do dia, relaxando ao som da música (Smile de Charles Chaplin na voz de Nat King Cole, diga-se de passagem belíssima, resolvi escrever. O dia começou as 06:30, céu claro, dia bonito pra fazer uma cirurgia dentária, finalmente pensava: vou terminar minhas idas ao dentista, agora só daqui uns anos. Para minha "alegria", meu corpo (gengiva e enxerto de osso) revelou que ainda terei que esperar mais um tempo. O medico falou, falou, falou, mas eu já não escutava, só tinha um pensamento, vou ter que esperar. Queria naquele momento correr, olhei a paralela e meu sentimento foi: hoje ao fim do dia vou correr.
À tarde me ocupei com algumas crônicas maravilhosas, Meus escritores favoritos são Fred e Rick (leiam), como uma leitora compulsiva e apaixonante pelas ideias, viajo por este universo literário, apreciando demasiadamente a boa escrita, por horas fico esmiuçando um bom texto. Por isto, não vi as duas horas passarem, contudo conseguir ser colocada na realidade ainda ao tempo das 15:30 com a chegada de uma pessoa para atendimento no meu trabalho. Coloquei de lado as leituras e passei a ouvir a história da pessoa, que parecia também uma crônica triste em busca de um final feliz. Um dos maiores aprendizados que tenho obtido no meu trabalho é ouvir, ouvir verdadeiramente as vozes miúdas de um povo carente, de justiça, verdade e amor. Hoje a história me deu uma razão pela qual devo seguir a carreira jurídica.
Este pensamento também ficou flutuando e dizia: continue no seus propósitos. De repente, sem pedido de licença, uma lembrança veio, uma conversa que tive em uma outra segunda-feira... A lembrança não tinha ligação com nada do meu dia, exceto que era segunda-feira o que tornava possível virar realidade um desejo do passado. Prontamente, questionei ao outro interlocutor se na passagem do meu trajeto haveria de encontrar sua pessoa, recebi a confirmação positiva. Esta conversa acontecia no fim do horário laboral, sem despedidas, desliguei o meu computador um pouco antes das 17:00 e fui para casa.
No retorno o pensamento já era outro: Quem vou conhecer? Quem é este ser? Teremos frases clichés e um até logo com sentimento de até nunca mais?... Bom, coloquei o tênis, fiz toda rotina: alongamento e aquecimento, um trote leve até a passagem do seu ponto. Quando cheguei não encontrei-o, no mesmo instante, briguei comigo por não ter perguntando que horas ele estaria lá, em seguida briguei porque também não o questionei se ele queria aquele oi.
Agora tanto faz. Não demorou e ele chegou, olhava em busca de algo, resolvi me aproximar sem cerimônia para o cliché oi. Acontece que não disse oi somente, falei mil e uma frase tudo porque não queria sentir o vácuo e o estado da frase: não tenho nada para dizer. Como uma boa observadora e ouvinte [embora não pareça], sua pouca fala revelou quem ele exatamente é, o olhar mostrou ter mais ainda a ser revelado, e os pés mostravam pressa para sair "talvez" do desconforto daquela minha aparição sem jeito. O lado bom é que eu ia correr no fim disto tudo, então em sutileza ele se despediu e eu fui correr. Fui com o pensamento: ele realmente é o cara dos desenhos, e é quem realmente pensei que fosse... Seguir um longo caminho, com um bom vento no rosto, com a respiração em equilíbrio, e com todo os pensamentos deste dia, assimilando um por um...
E assim terminava a corrida satisfeita com a clareza de foco e direcionamento dos meus pensamentos, por ter completado todo percurso correndo, ao fim sorrir e pensei: às vezes vale a pena ser a primeira dar o oi...
Era um sábado de manhã. Eu e minhas irmãs fomos para o clube.
Cheguei cansada de caminhar sob sol quente durante toda aquela
caminhada de casa até o clube, e quis apenas aproveitar para me refrescar na
piscina... Em pouco tempo vi pessoas conhecidas e senti um olhar. Meu corpo
sente quando alguém está observando e lá estava ele. Os seus olhos denunciavam um
desejo e em retribuição apenas olhei. Olhei pedindo pra vir dizer um oi ou
qualquer gesto que me fizesse tomar a inciativa, porém ele só continuou
olhando. Senti uma breve raiva, pois ele
foi embora sem nem olhar pra trás. Descobrir seu nome e sabia quem era sua família,
mas não podia fazer nada, apenas deixei passar.
Duas semanas depois estávamos
separados por locais diferentes, e eu nem fazia ideia que poderia encontra-lo
novamente. Uma de minhas irmãs foi me procurar e me contou que ele estava conversando
com minha outra irmã. Dei risada, uma risada com varias falas e pensamentos,
mas fiquei na minha. Ele não tinha culpa, não me conhecia e nem sabia que a
menina que foi falar seria minha irmã; Fui para o mesmo ambiente, sorri pra
todos eles e nada mais. Ele novamente fez a primeira e única ação. Olhou.
Olhou sem piscar durante minutos e fulminou a raiva dentro de mim, pois se ele estava sem
interesse porque continuava a olhar?! Horas depois, estávamos na mesma roda de
amigos, minhas irmãs, ele e seus amigos. Nós dois conversamos pouco, preferi optar por conversar com seus amigos, não queria ficar próxima, então me ausentei do
ambiente. Ele aproveitando da oportunidade da proximidade e quis me desafiar, tolo,
não me conhecia mesmo... Sou apaixonada por desafio e não iria perder. Por pouco
perdi, porém tive vantagem de conhecer o lugar e ele não.
Tornei-me amiga do
seu amigo, mas dele apenas virei colega.
Criamos um grupo e ele nos bate-papos
falava e eu rebatia suas falas, ele não me conhecia. Eu sempre vou ser boa em
respostas se estiver zangada. E ele, não sei bem qual a motivação, veio no
privado falar. Rebati todas as suas falas, não queria deixar perceber que eu
queria ele. Mas minha irmã, que desde o inicio já sabia da história, quando
soube que o cara do seu bate papo era o mesmo da minha história da piscina, não
se envolveu e jogou pra cima de mim. Me fiz de indiferente enquanto pude,
enquanto estava longe dele, enquanto ele não me encarava, mas então nos
reencontramos;
Naquele momento já não havia barreiras e seu olhar dizia o que ele queria... e eu sabia. E como queria ficar com aquele menino. Ele ainda me perguntou se
podia e eu nem queria que ele perguntasse, pois já tinha dito isso desde o
primeiro dia.