cinco quilômetros de pensamentos.

15:02

Foram cinco quilômetros de corrida e em todo percurso fiquei  ocupada por pensamentos da segunda que tive. Agora, fim do dia, relaxando ao som da música (Smile de Charles Chaplin na voz de Nat King Cole, diga-se de passagem belíssima, resolvi escrever. O dia começou as 06:30, céu claro, dia bonito pra fazer uma cirurgia dentária, finalmente pensava: vou terminar minhas idas ao dentista, agora só daqui uns anos. Para minha "alegria", meu corpo (gengiva e enxerto de osso) revelou que ainda terei que esperar mais um tempo. O medico falou, falou, falou, mas eu já não escutava, só tinha um pensamento, vou ter que esperar. Queria naquele momento correr, olhei a paralela e meu sentimento foi: hoje ao fim do dia vou correr.
À tarde me ocupei com algumas crônicas maravilhosas, Meus escritores favoritos são Fred e Rick (leiam), como uma leitora compulsiva e apaixonante pelas ideias, viajo por este universo literário, apreciando demasiadamente a boa escrita, por horas fico esmiuçando um bom texto. Por isto, não vi as duas horas passarem, contudo conseguir ser colocada na realidade ainda ao tempo das 15:30 com a chegada de uma pessoa para atendimento no meu trabalho. Coloquei de lado as leituras e passei a ouvir a história da pessoa, que parecia também uma crônica triste em busca de um final feliz. Um dos maiores aprendizados que tenho obtido no meu trabalho é ouvir, ouvir verdadeiramente as vozes miúdas de um povo carente, de justiça, verdade e amor. Hoje a história me deu uma razão pela qual devo seguir a carreira jurídica.
Este pensamento também ficou flutuando e dizia: continue no seus propósitos. De repente, sem pedido de licença, uma lembrança veio, uma conversa que tive em uma outra segunda-feira...  A lembrança não tinha ligação com nada do meu dia, exceto que era segunda-feira o que tornava possível virar realidade um desejo do passado. Prontamente, questionei ao outro interlocutor se na passagem do meu trajeto haveria de encontrar sua pessoa, recebi a confirmação positiva. Esta conversa acontecia no fim do horário laboral, sem despedidas, desliguei o meu computador um pouco antes das 17:00 e fui para casa.
No retorno o pensamento já era outro: Quem vou conhecer? Quem é este ser?  Teremos frases clichés e um até logo com sentimento de até nunca mais?... Bom, coloquei o tênis, fiz toda rotina: alongamento e aquecimento, um trote leve até a passagem do seu ponto. Quando cheguei não encontrei-o, no mesmo instante, briguei comigo por não ter perguntando que horas ele estaria lá, em seguida briguei porque também não o questionei se ele queria aquele oi.
 Agora tanto faz. Não demorou e ele chegou, olhava em busca de algo, resolvi me aproximar sem cerimônia para o cliché oi. Acontece que não disse oi somente, falei mil e uma frase tudo porque não queria sentir o vácuo e o estado  da frase: não tenho nada para dizer. Como uma boa observadora e ouvinte [embora não pareça], sua pouca fala revelou quem ele exatamente é, o olhar mostrou ter mais ainda a ser revelado, e os pés mostravam pressa para sair "talvez" do desconforto daquela minha aparição sem jeito. O lado bom é que eu ia correr no fim disto tudo,  então em sutileza ele se despediu e eu  fui correr. Fui com o pensamento: ele realmente é o cara dos desenhos, e é quem realmente pensei que fosse... Seguir um longo caminho, com um bom vento no rosto, com a respiração em equilíbrio, e com todo os pensamentos deste dia, assimilando um por um...
 E assim terminava a corrida satisfeita com a clareza de foco e direcionamento dos meus pensamentos, por ter completado todo percurso correndo, ao fim sorrir e pensei: às vezes vale a pena ser a primeira dar o oi...

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1 comentaram

  1. Sua narrativa envolvente e apaixonada se torna cada vez mais um deleite para quem lê, as palavras derramam de si num fluido contínuo e variado, sentimento. Não qualquer sentimento, o seu sentir, sentindo o que sentes, sinto você, sentindo.

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